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O mundo está pedindo cor

Após um período mundial sombrio, onde a sociedade viveu sob tensão e perdas, o verão está chegando e as cores estão transparecendo o escape emocional de muita gente. 

Cada cor abstrai do subconsciente coletivo uma sensação. Essas respostas imagéticas das cores tem motivos construídos durante séculos. Entretanto, a construção individual, diante de experiências diversas, pode fazer com que a pessoa vá de encontro ao que uma sociedade entende.

As cores fortes, brilhantes, e até o brilho mesmo, já foram usadas em outros períodos históricos onde a sensação de “curtir a vida” já se manifestou. No período pós guerra tivemos o movimento da Disco Dance que contrastava com o esoterismo dos Hippies. Esses dois movimentos cultivavam a vida por vieses diferentes, mas os dois tinham como proposta de visual uma moda colorida.

Pois bem, cor está na moda. A primeira delas o VERDE.  E porque ele? O verde da esperança de dias melhores e da fertilidade. Da vida… folhas novas que nascem. Em suas diversas variações: o verde lima, o verde abacate, o verde primavera. Tem verde para agradar todos os gostos. 

O laranja também tem sido muito citada para este verão. A cor do budismo, mas também do por do sol. Uma que não costuma ser lembrada antes do vermelho ou do amarelo mas não deixa de ser importante justamente por juntá-las. Apaziguando o perigo do vermelho e acendendo a luz do amarelo. É portanto o laranja uma cor agradável, combinação de luz e calor. 

O azul é uma das cores mais citadas como preferida. É a cor do céu e do mar, que nos remete à imensidão do infinito e nos acalma. É uma cor também associada à religiosidade inalcançável, o celestial. 

O rosa que está sendo visto mais facilmente hoje nas vitrines é o pink, que nos remete ao dinamismo, à criatividade. Mesmo a sociedade atribuindo o rosa à feminilidade, quando o o rosa é mais vibrante, temos uma quebra de expectativa. Não é à toa que ele também é chamado de “rosa choque”. Essa delicadeza que a sociedade atribui à feminilidade é demonstrada quando usamos o rosa bebê ou do rosa seco. 

Como muitos signos na moda as cores tem referências que simbolizam o que nos despertam as sensações. Citei apenas essas três cores, mas neste mundo pós pandêmico as cores reinarão. 

Ficam as questões: você vai usar a cor que está na moda? Usara cores que tem a ver com seu estilo? Ou sequer usará cores “vivas” mantendo-se nos neutros?

Este texto foi originalmente postado no Aratu On https://aratuon.com.br/colunista/kikamaia/moda/o-mundo-esta-pedindo-cor

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A moda reforça sua identidade própria ou te ajuda a se camuflar?

Eu lembro que, quando criança, odiava quando me vestiam igual às minhas primas. Principalmente quando a roupa não tinha a ver com a minha personalidade. Inconscientemente, eu rejeitava essa movimentação da família, comandada por quatro mulheres irmãs, que se viam nas filhas e projetavam nelas esse pertencimento. 

Eu queria ser eu! Mas criança nos anos 80 não tinha muito suas vontades respeitadas, não é mesmo? Cresci dizendo que odiava me vestir como “par de jarro”, mas não entendia o porquê. 

Hoje, adulta, trabalhando como consultora e estudiosa da moda eu entendo que peças de roupas podem te destacar em um grupo ou te camuflar. Se você se veste da mesma maneira que a sua bolha isso pode significar que você está em sintonia com este grupo ou que você espera ser aceito por ele, sem confrontá-lo. 

Não é difícil vermos por aí exemplos de identificação. Quando, por exemplo, uma pessoa pública começa a se vestir de acordo com o que seu público espera, para ser melhor aceito e consumido, ela se torna mais relevante entre os seus fã, com isso tem vantagens. Não é só o artista que influencia os seus seguidores, também tem características de quem admira que são adotadas de forma pensada e proposital. 

Não podemos esquecer também que em uma sociedade capitalista e classicista as pessoas que se vestem com o objetivo de demonstrar seu sucesso financeiro tem maior admiração. Seja esse sucesso real ou não. Aprofundando mais um pouco, buscando as ciências sociais e a psicologia, vamos entender que a importância enxergar em quem admira essa imagem de sucesso é de como ter a esperança da possibilidade de acensão para si. Algo vendido pelo sistema como possível é natural. 

Precisamos ter cuidado para não cair na armadilha de não se vestir de si para agradar ao outro. Isso pode até ser possível a curto prazo, mas a longo prazo se torna insustentável. É como colocar uma máscara e não conseguir mais retirá-la. Perde-se a identidade genuína.

Este texto foi originalmente postado no Aratu On https://aratuon.com.br/colunista/kikamaia/moda/a-moda-reforca-sua-identidade-propria-ou-te-ajuda-a-se-camuflar

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Cringe: quando uma geração nega a moda, também nega um comportamento

O termo cringe foi muito falado nos últimos dias, mas… o que ele tem a ver com a moda? 

Fato que os conflitos geracionais se repetem. Eles sempre existiram. As gerações mais novas tentam se autoafirmar negando as anteriores, entretanto, repetem as mesmas atitudes de negação que sempre existiram. Para isso, muitas vezes, consomem peças de gerações passadas repaginadas como se fossem novidades. 

Podemos citar aqui Belchior… 

“… Minha dor é perceber

Que apesar de termos feito tudo, tudo

Tudo o que fizemos

Nós ainda somos os mesmos

E vivemos

Ainda somos os mesmos

E vivemos

Ainda somos os mesmos

E vivemos como os nossos pais…”

Não é novidade para ninguém a teoria de que a moda é cíclica. Eu prefiro acreditar que ela é um “espiral”. Uma peça da moda que volta tem inspiração em outra de época passada. Ela sofre influência de fatos históricos similares, porém não tem os mesmos motivos para voltar a existir de forma idêntica. 

Ao analisar o que aconteceu recentemente, percebemos que quando uma geração nega uma peça usada por geração anterior, ela está negando mais que uma peça de roupa, ela está negando um comportamento.

A exemplo disso temos a ‘geração z’ negando o uso das calças skinny, muito usada pela ‘geração y’. As calças skinny são peças que marcam o corpo da mulher, as sensualizam, o que é o oposto do que a juventude atual faz com suas peças largas inspiradas no hip hop.

O irônico é entender que em ambas as peças existem o grito pelo empoderamento da mulher. Na calça skinny existe a intenção de poder mostrar o corpo sem ser julgada. Na calça larga, wide leg, existe o poder de usar o que quiser e não ter sua identidade de gênero e sensualidade questionada. 

Mesmo não percebendo, as gerações mais novas trilham caminhos que as anteriores já desbravaram. O que existe é uma troca entre as gerações. Elas se retroalimentam e assim segue a sociedade que evolui. 

Para o mercado que quer captar e vender, cabe entender o que cada geração que tem como cliente quer consumir.

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Príncipe de Gales, Buffalo, Madras… o xadrez é uma estampa para além do São João

Eita que chega junho e o xadrez sai da gaveta! Mas você sabe qual o seu estilo de xadrez? São muitos e você, entendendo o porquê gosta, pode usar ele durante o ano inteirinho. 

Buffalo: é aquele que já foi usado nos EUA como símbolo de rebeldia. Lembra o Vichy, mas no lugar do branco temos o preto e a estampa é grande. 

Já que falamos do Vichy… é o xadrez da toalha de picnic. Já foi muito usado nos anos 50 e transmite o misto de inocência e sensualidade das pin-ups

O xadrez típico das roupas de São João é o Madras. Colorido, não tem um padrão de cor pré estabelecido e é o xadrez que comunica alegria! Ah! É originário da Índia, que também gosta de cores na sua cultura. 

Xadrez Tartan: o xadrez escocês! Tradicional e cooptado pelos ingleses para demonstrar seu poder. Dele veio o xadrez Burberry que nada mais é que um tartã de cores neutras específico de uma marca. 

Xadrez Príncipe de Gales: o xadrez proveniente da alfaiataria masculina inglesa. Formal e sério!  Usado principalmente para nos deixar com a aparência de “mais profissional” já que é isso que está no subconsciente da sociedade.

Para finalizar, o pied de coq e o pied de poule: também originários da Escócia, porém mais recentes. Tradicional entre os fazendeiros criadores de animais. 

Tendemos a pensar que o que vem da Europa é “mais fino e rico”, mas isso é uma bobagem! Podemos nos livrar dessas amarras e usar o que nos faz se sentir bem, seja na época do São João ou qualquer época do ano. Você pode sempre usar o xadrez colorido se esse é o que te deixa feliz.

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Julgar uma peça de roupa é julgar quem a usa?

Julgar uma peça da moda é julgar quem a está usando?

Outro dia vi o challenge (esses vídeos que viralizam), de uma influenciadora falando: “roupas que por motivo nenhum me irritam”.

No vídeo, ela amenizava, dizendo em tom sarcástico, que a roupa de ninguém agrada a todos e “então, se você gosta, usa!”.  

Ouvi expressões como… “Não dá, pra mim não dá!”. “Eu não sei como que dá pra combinar isso. Eu acho muito feio. Desculpa!”. “Esses shorts aqui me dá ódio!”. Todas proferidas com uma entonação negativa.

Por isso, fiquei com esse questionamento: julgar uma peça de roupa é julgar quem a usa? 

Hoje, vivemos em um mundo onde se propaga a diversidade. A moda passa por este processo de abertura das suas fronteiras, dos seus limites. Neste processo existe uma corrente que defende as muitas formas de se vestir. Não há um jeito certo e outro errado ao usar uma roupa. Há uma intenção do que a pessoa quer comunicar usando aquela peça da moda.

Existe um movimento de conscientização na moda para acolher que objetos de moda não devam ser encarados como inadequados. Afinal, o que não é condizente na construção de um estilo pode ser perfeito para comunicar a personalidade de uma outra pessoa.

O julgamento negativo proferido sobre uma peça de moda pode deixar quem a veste com sentimento de inadequação, e isso tende a fazer com que a pessoa se retraia e diminua a concretização das suas vontades para afastar o julgamento alheio. Assim, acaba usando o que os outros acham certo, bonito e deixando de usar o que gosta e o faz se sentir bem.

Por isso, quem não gosta de certas roupas deveria apenas não usá-las e evitar proferir seus julgamentos. Afinal, o respeito para que todos se sintam à vontade de vestir roupas que comuniquem a sua personalidade e estilo deveria ser inerente ao ser humano.

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Gorda ou plus size? Conheça os significados de cada termo

“Por que existe uma moda específica para a mulher gorda?”

“É certo falar a palavra gorda?”

“Mas não ofende?”

Essas foram as perguntas que mais escutei desde quando comecei a trabalhar no mercado da moda. No início, apenas revendia moda Plus Size e tive a oportunidade de acessar a alma de muitas mulheres gordas. Ao comprarem comigo, além de adquirirem as peças, elas esperavam fortalecer sua autoestima. O que seriam minutos de vendas se transformavam em horas de troca emocional.

A moda plus size surgiu na Europa, ainda na década de 1920, e era vendida como roupa para mulheres mais cheinhas. Em um determinado momento o termo “plus size” se fortaleceu para um nicho específico, de numerações acima do 46. Foi o termo que ajudou a aquecer o mercado de moda para as mulheres gordas no Brasil. Mas isso só aconteceu em 2008, quando os blogs se popularizaram e muitas mulheres gordas ganharam voz e se conectaram. 

No Brasil, a moda plus size explodiu quando o mercado percebeu que havia uma demanda. Pessoas gordas estavam dispostas a consumir roupas modernas para  mostrar mais seus estilos pessoais.  

Gordas sim! Aos poucos começou um movimento de ativismo a favor da diversidade de corpos na moda. Com ele, o termo “gordo” foi aos poucos sendo resgatado pela militância para a sua ressignificação. A intenção era tirar os estigmas da palavra, para que ela não carregasse os elementos negativos que sentíamos quando proferida. 

E assim foi feito! A palavra passou a ofender apenas quando havia a intenção de diminuir o outro. “Sua gorda!”. Dessa forma, para muitas pessoas, o adjetivo é apenas uma das características do seu eu. 

Por fim, ser gordo não quer dizer que a pessoa é preguiçosa, desleixada, incapaz. Ainda ter essa visão é preconceituoso e ultrapassado.

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Xadrez e botas: não espere o São João para usá-los

Junho chegou e as pessoas ficam desejando o São João para usarem a estampa xadrez e as botas.

Vamos combinar? Tem vários tipos de xadrez, muitos estilos de botas e não precisamos esperar as festas juninas para usá-los.  

Primeiro, vamos falar das botas. Podemos usá-las para protejer os pés da chuva. E em Salvador chove, mesmo não fazendo frio. Eu não vejo lógica em passar um dia inteiro com os pés molhados no lugar de protegê-los com as botas. 

Ok! Não precisa ser uma bota de cano longo. Algo em que a sensação térmica causa desconforto. Afinal, a capital baiana é uma cidade onde o julgamento corre solto. 

Tecnicamente, temos as seguintes botas: 

1 – Galocha: de plástico, que passou por uma estilização e ganhou estampas fashionistas;

2 – Coturno: considero um tipo de bota que nos traz uma mensagem de rebeldia e jovialidade. Isso ocorre pelo coturno já ter sido muito usado pelos jovens participantes de subculturas (ex.: grunge, punk, rocker, skinhead)

3 – Birken: também usada pelos jovens, principalmente os que se apropriaram de tachas e correntes de metal. Uma diferença entre esta e o coturno é a falta de obrigatoriedade da amarração com cadarços;

4 – Montaria: são longas e protegiam seus usuários do suor do cavalos. Não necessariamente se usava no frio. Nem temos essa desculpa para usá-las, né? Ao menos, não aqui em Salvador;

5 – Estilo cowboy: tem um bico fino. Seu solado não costuma ser de borracha. O solado desliza. Essas botas nos remetem aos filmes estadunidense de faroeste e, mais recentemente, com músicas e danças country;

6 – Open boot: é um misto de bota e sandália. Muito bem adaptável ao nosso clima. É comum ser achada e sequer ter esse nome no mercado. 

Temos outros modelos! E como usar cada uma delas? De todas as maneiras. Testando. Importante é saber o que cada modelo transmite. Assim, fica mais fácil entender que, ao vestir um longo vestido floral e acrescentar uma birken ao look, a pessoa acaba adicionando uma certa rebeldia ao romantismo das flores. 

Aproveitem junho, mas lembrem-se que podem seguir usando as botas. Basta querer!  

No próximo post vamos falar da estampa xadrez. 

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O que será tendência na moda de 2021 até 2030?

O Google e a WGSN, empresa que estuda tendências, juntaram-se para entender quais os caminhos da moda até 2030.

A pandemia mudou a forma que consumimos e isso refletiu na moda, portanto, é perceptível que novos comportamentos foram instalados. Novas necessidades e realidades afetaram, e afetarão, a indústria da moda.

Analisando o citado estudo da WGSN, há cinco relevantes percepções futuras:

1 – A moda cada vez mais será usada a como instrumento para demonstrar a IDENTIDADE das pessoas.

2 – Os consumidores seguirão querendo dialogar com as marcas de moda e, para isso, elas precisarão se posicionar diante de questões sociais, através de informações e CONTEÚDOS.

3 – A diversidade no PROTAGONISMO será cada vez maior. Acabou a época da moda eurocentrizada e cheia de regras. Os grupos antes marginalizados estão sendo valorizados pela indústria da moda: negros, gordos, pessoas mais velhas, praticantes de religiosidades diversas e portadores de deficiências.

4 – Durante muito tempo copiávamos massivamente as roupas de personagens de novelas, atrizes, apresentadoras de TV… elas nos influenciavam. Com a internet, passamos a admirar as blogueiras e seus estilos de vida, que foram se tornando supérfluos e distantes. Essa INFLUÊNCIA será cada vez mais buscada em pessoas próximas e acessíveis. Pessoas com realidades semelhantes.

5 – A mudança na maneira de consumir moda está modificando os NEGÓCIOS de moda. De formas que brechós, reformas (upcycling), costureiras e pequenas empreendedoras crescerão em números e valorização.  

É isso! E vocês? Quais tendências já aderiram por aí?

Este texto foi originalmente postado no Aratu On https://aratuon.com.br/colunista/kikamaia/moda/o-que-sera-tendencia-na-moda-de-2021-ate-2030

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